Texto publicado em 26/08/2008 no Jornal Oficina Brasil, escrito por Pedro Franco:
Basta falar em carros de origem francesa para que a polêmica entre os profissionais da reparação comece. Não foi diferente com o Da Oficina deste mês, que tinha no centro da mesa de discussões um Peugeot 206 1.6 16V Flex fabricado em 2005. Com pouco mais de 60.000 km rodados, o hatch foi analisado pela equipe do Oficina Brasil na Engin Engenharia Automotiva.
Enquanto todos os presentes à reunião de análise do modelo concordavam que o carro era bom de dirigir, ágil e muito bem aceito principalmente entre o público feminino, as críticas em relação a alguns aspectos da manutenção não foram poucas. Problemas para encontrar peças e principalmente informações, além da fragilidade da suspensão, foram os maiores assuntos em pauta. Acompanhe a seguir as dicas e sugestões dos profissionais convidados para realizar o raio-x do modelo fabricado em Porto Real, RJ.
Motor
De acordo com os reparadores, alguns Peugeot 206 Flex estão apresentando dificuldades na partida a frio. Isso pode acontecer devido a uma falha no sistema de injeção de gasolina, provavelmente causada por irregularidades na unidade de comando. Recomenda-se que o profissional cheque se o conjunto está funcionando corretamente.
Ao colocar o 206 no analisador de gases, foi possível verificar que o compacto da Peugeot estava com os seguintes índices de emissão de poluentes: 1,5% de CO (monóxido de carbono) e 80 PPM (partes por milhão) de HC (hidrocarbonetos). A partir desses valores, a Engin realizou alguns reparos no modelo. Primeiro foi trocado o jogo de velas (as peças corretas pertencem ao conjunto da Bosch de especificação FR6M6), que estava com os eletrodos gastos.
Em seguida, foi feita a equalização das válvulas injetoras de combustível. Como já é comum nas manutenções, o corpo de borboleta foi limpo e o filtro de combustível, obstruído, precisou ser trocado. Após essas alterações, os valores de emissão caíram para 0,02% de CO e 20 PPM de HC, valor especificado pelo fabricante do equipamento.
A bobina integrada do 206 também foi alvo de discussão entre os reparadores. Alguns revelaram já ter enfrentado problemas com a peça. "Isso pode acontecer porque algumas pessoas ainda insistem em lavar o motor com jato de água, o que pode levar a falhas elétricas" alerta Paulo Aguiar.
Um problema que causou espanto nos reparadores foi encontrado no filtro de ar. A peça não foi posicionada corretamente em uma manutenção anterior, acabou "prensada" e deformada, causando problemas no funcionamento do motor. "Isso altera o fluxo de ar, aumenta o consumo e confunde os valores de leitura dos componentes de injeção", alerta o engenheiro Aguiar. O incidente foi solucionado com o posicionamento correto do filtro.
O sistema de arrefecimento teve o líquido substituído e, conseqüentemente, realizou-se a sangria do conjunto. Na hora da troca do fluído, o reparador deve ficar atento ao que recomenda o manual do proprietário tanto em termos de proporção quanto em relação à especificação, e não diagnosticar o líquido de arrefecimento pela cor.
Outra peça que necessitou ser substituída foi o filtro de óleo, item em que o reparador deve ficar atento na hora de adquirir. Existem outros modelos de filtro que encaixam neste motor, porém não têm o mesmo desempenho do original. Há casos em que o filtro obstrui a lubrificação e por conseqüência acende a luz do óleo. A correia dentada e poli-V foram trocadas na manutenção anterior, realizada aos 50.000 km.
Suspensão e direção
Os amortecedores dianteiros e traseiros apresentavam vazamentos e foram substituídos junto com os batentes. Outros componentes que precisaram ser trocados foram os coxins do motor e do câmbio, localizado no suporte do semi-eixo.
As novas bandejas inferiores estão sendo fornecidas com um anel de reforço. Neste modelo já foram trocadas em manutenções anteriores. Enquanto os pivôs estavam em ótimas condições, as bieletas deram lugar a peças novas devido às folgas nos terminais, também trocados em função do vazamento de graxa ocasionado pela avaria das coifas.
O item de maior custo de manutenção, o eixo, no Peugeot 206 também apresentou problemas na unidade avaliada. O barulho na parte traseira indicava que algo não estava normal no conjunto. Quando a equipe do Oficina Brasil iniciou a checagem, logo percebeu que a peça apresentava rolamentos estourados.
Neste caso, a Peugeot indica a troca de todo o conjunto, mas o engenheiro Paulo Aguiar realizou o reparo no eixo e, dessa forma, pôde-se reduzir o custo ao cliente. Finalizando essa parte, a Engin realizou a troca de dois pneus dianteiros, já com o índice de desgaste TWI (Tire Wear Indicator, ou indicador de desgaste do pneu) no limite.
Freios
No sistema dianteiro, os discos e pastilhas também foram substituídos na revisão dos 50.000 km. Na atual manutenção, os discos de freio traseiros precisaram ser retificados e as pastilhas do conjunto posterior trocadas.
Após esse trabalho, o fluído de freio foi substituído. Segundo o manual do veículo, a Peugeot recomenda o "TOTAL Fluide Peugeot HBF4" a cada 24 meses ou 40.000 km. Pode-se utilizar o DOT4 no mercado de independente.
Acessórios
Como as borrachas do limpador de pára-brisa estavam ressecadas, foi efetuada a troca das palhetas conjuntamente. As peças não são vendidas separadamente.